domingo, janeiro 21, 2007


O Vilão

When devils will the blackest sins put on,
They do suggest at first with heavenly shows,
As I do now: for whiles this honest fool
Plies Desdemona to repair his fortunes
And she for him pleads strongly to the Moor,
I'll pour this pestilence into his ear,
That she repeals him for her body's lust;
And by how much she strives to do him good,
She shall undo her credit with the Moor.
So will I turn her virtue into pitch,
And out of her own goodness make the netThat shall enmesh them all.

W. Shakespeare, Othello (Acto Segundo, Cena III)

Shakespeare chamou-lhe Othello, mas a mais fascinante personagem do texto foi sempre Iago, o manipulador genial, o "demónio do Ocidente" na formulação de Harold Bloom, que considera que "entre todos os vilões da literatura, ele tem a honra nefasta de ocupar uma posição inatingível". Em Otelo, actualmente em cena no São João, é mais uma vez sobre Iago que se concentra o principal interesse e o principal terror. O que não se explica apenas pelo texto, mas também pelo desempenho de Nuno Cardoso, que compõe um Iago visceral e insidioso que arrebata a peça desde a primeira fala. A ajudar a este domínio - intelectual acima de tudo, pois Iago não tem verdadeiros adversários - está a encenação, que opta pelo despojamento e por figurinos atemporais. Percebe-se a ideia de Nuno M. Cardoso quando refere Otelo como um "ringue frio, da palavra", mas a opção pelo mínimo resulta quando emergem grandes intérpretes, e neste caso emerge apenas Nuno Cardoso - e o seu diabólico Iago.

Fonte: Documento Português

2 comentários:

Anônimo disse...

Sempre quis montar Othelo! Acho o texto fantastico e o Iago realmente formidável. Essa foto ta liiiiinda!!!!

Anônimo disse...

Eu sei desse seu desejo e, aceite isso como uma provocação ( ehehehhehe ) Grande beijo Lu.